sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Se a Bolsa aquece, esfrie a cabeça

Gráfico do IBOV publicado pelo Google em 19/12/2019 às 16:03 horas.
Gráfico do IBOV publicado pelo Google em 19/12/2019 às 16:03 horas.

A Bolsa de São Paulo ingressou em dezembro de 2019 renovando suas máximas históricas. Neste dia 19, o IBOV operava acima dos 114 mil pontos, muito acima dos 40 mil pontos verificados em meados de janeiro de 2016. Nestes quatro anos, a B3 praticamente viu seu índice triplicar. Quem ingressou no mercado de capitais brasileiro neste período, praticamente não tomou conhecimento de quedas acentuadas nas cotações dos ativos.

Neste momento, há quem prevê que a Bolsa está apenas no início de um grande ciclo de alta. Outros recomendam estocar recursos em aplicações de renda fixa para aproveitar um evento de correção nos preços dos papéis – quem sabe uma grande queda. Quem está com o prognóstico correto? Impossível afirmar.

De certo, existem investidores novatos em renda variável colecionando ações e fundos imobiliários que valorizaram fortemente nos últimos meses. É natural que surja a vontade de realizar lucros antes que a festa acabe. Na verdade, este é um grande teste para pretensos investidores de longo prazo, especialmente os adeptos do Value Investing que priorizam a formação de uma carteira focada em renda passiva.

O sujeito acessa o site da sua corretora e observa seu patrimônio inflar dia após dia. O diabinho sentado no ombro esquerdo fica soprando no ouvido:

- Vende tudo, depressa!

Então o anjinho pendurando no ombro direito aconselha:

- Segura firme. Ninguém solta a mão de ninguém.

Ou seria o contrário? Quem é o bonzinho e quem é o malvado nesta história?

Não interessa. Como não interessa o quão quente pode estar a Bolsa de Valores. O investidor que se preza deve pensar sempre com a cabeça fria. Vender ou segurar ativos depende da análise específica de cada um deles.

De acordo com Tiago Reis, fundador da Suno Research e ferrenho defensor do Value Investing e da estratégia dos dividendos, existem três boas razões para um investidor vender uma ação: quando existem melhores oportunidades, quando o preço da ação está sobrevalorizado e o seu Valuation está caro, e quando há perdas de fundamentos e deterioração da geração de caixa da empresa ou fundo imobiliário.

Analisemos estes aspectos sob a ótica de um mercado aquecido, quando as oportunidades ficam mais escassas. Se você fez um ótimo preço médio em um ativo, que em função disso lhe oferece um excelente Dividend Yield, será que vale a pena sair da posição para comprar um ativo que talvez empate sua situação em termos de renda passiva? Será que existe alguma empresa tão boa e barata na Bolsa que justifique o giro de carteira?

Com o mercado de capitais aquecido, é natural que várias empresas ostentem cotações mais elevadas, operando com múltiplos em patamares altos. A pergunta que deve ser feita, neste caso, é:

- Os fundamentos do ativo estão preservados?

Se a resposta for “sim”, não há razão para desfazer a posição no ativo. A decisão mais sensata, neste caso, é interromper os aportes no papel em questão, a fim de não reduzir a porcentagem dos dividendos em relação ao valor alocado na ação.

Se a resposta for “não”, pouco importa se a Bolsa está subindo feito um foguete ou caindo feito uma maçã na cabeça de Newton: com perda de fundamentos e deterioração da empresa ou fundo imobiliário, a venda das cotas de participação no negócio é impositiva.

Neste ponto, reside a dificuldade em identificar um ativo que esteja em princípio de decadência de suas funções primordiais: num mercado de alta exacerbada, até papéis ruins valorizam, fazendo a festa dos especuladores.

Então, deixemos de lado o preço da ação por um instante: é hora de fazer a lição de casa e observar outros parâmetros, como a margem líquida do negócio, o retorno sobre o patrimônio líquido e o endividamento da companhia – lembrando que fundos imobiliários não podem se alavancar no Brasil. Acima de tudo, temos que avaliar a postura dos gestores e suas propostas para manter a saúde das atividades sob suas tutelas.

Todo estudante sabe que fazer a lição de casa não é algo tão difícil, mas pode ser trabalhoso. Porém, quando o estudante é investidor, ele pode contar com a Suno Research, que reúne uma equipe de analistas que produzem relatórios semanais de acompanhamento dos principais ativos listados na Bolsa de Valores. Faça a sua assinatura hoje mesmo:


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