sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Os dinossauros do século 20 que conheceram o mundo sem a Internet

Um dinossauro atravessa a faixa de segurança de uma avenida numa grande cidade. As pessoas caminhando nas calçadas não percebem sua presença, pois estão olhando atentamente para os próprios telefones celulares.
Um dinossauro atravessa a faixa de segurança de uma avenida numa grande cidade. As pessoas caminhando nas calçadas não percebem sua presença, pois estão olhando atentamente para os próprios telefones celulares.

O mundo não era influenciado pela Internet até o começo da década de 1990. Quem viveu nessa época testemunhou como a Web transformou nossas vidas, trazendo benefícios e desafios, como equilibrar a conexão virtual com a realidade, evitando a dependência em relação aos smartphones. É necessário preservar o pensamento crítico e a individualidade, mesmo na era digital.

Se você nasceu nos anos de 1970, 1980 ou no começo dos anos de 1990, então faz parte da última geração que testemunhou o mundo sem a influência da Internet. E portanto, posso dizer que você é um dinossauro do século XX.

Tentarei fazer um relato sobre essa situação sem colocar juízo de valor, porque não quero afirmar o que é melhor, se a vida sem ou com a Internet, pois está aí, não tem como voltar atrás e temos que conviver com isso, mas nós temos que entender que nem sempre foi assim.

Nasci em 1976 e fiz a  escola primária nos anos de 1980, parte do ginásio também nos anos de 1980, o colegial no começo dos anos de 1990. Quando entrei na faculdade em meados daquela década, foi quando a Internet começou a transitar pelos primeiros computadores de mesa nos escritórios e nas casas de algumas pessoas.

Naquela época, para você acessar a Internet, precisava de uma linha fixa de telefone, um equipamento em desuso hoje em dia. Era preciso discar para um provedor, que fazia um ruído estranho na linha, até habilitar o uso da rede para o computador coligado com o telefone fixo da sua casa ou do seu escritório.

Então, muitas pessoas usavam a Internet somente após a meia-noite, porque a ligação telefônica era mais barata nesse horário. Cursei faculdade de Arquitetura e lembro que, em 1998, adquiri minha primeira conta de e-mail gratuita, no Hotmail, por influência do meu pai, que sempre foi autodidata em questões de comunicações e tecnologia da informação.

Uso pioneiro da Web

Tive um site do meu escritório de Arquitetura assim que me formei, entre 1999 e o ano 2000. Fui pioneiro em ter uma página pessoal para divulgar meu trabalho. Isso foi muito bom porque por muitos anos fui o primeiro resultado para buscas no Google de quem digitasse "arquiteto em Paulínia". Então, posso dizer que a Internet me ajudou muito no começo da minha carreira.

Mesmo quando me converti de arquiteto para escritor de livros, a Internet também foi fundamental nesse processo. A empresa onde trabalho hoje me contratou em função das redes sociais, que foi uma evolução dos sites e blogs. Portanto, a Internet foi benéfica para milhões de pessoas ao redor do mundo porque criou novas oportunidades de trabalho e permitiu que as pessoas mostrassem seu talento para outras.

No entanto, no começo dos anos 2000, a Internet ainda era muito restrita ao uso de computadores de mesa, aos desktops. Havia também alguns tablets e computadores portáteis, mas as pessoas não carregavam seus computadores para cima e para baixo. Elas não acessavam a Internet o dia inteiro. Antigamente, as pessoas usavam a Internet ocasionalmente, num momento do dia. Elas tinham vida real lá fora.

A revolução silenciosa começou a acontecer no final dos anos 2000 e início dos anos 2010, quando a Internet ingressou nos aparelhos de telefone celular, quando inventaram o Smartphone. Ele carregava a Internet como se fosse um computador de bolso e foi esse aparelho que mudou radicalmente o comportamento das pessoas, que passaram a frequentar a Internet em vários momentos do dia, a ponto de algumas ficarem o dia inteiro conectadas. E tudo que foge do equilíbrio e da moderação, tem um potencial negativo, destrutivo.

Se a Internet facilitou o acesso de milhões de pessoas ao redor do mundo para bilhões de informações, ela também proporciona que milhões de pessoas fiquem viciadas no hábito de se conectar com a Web. Elas abrem mão de viver no mundo analógico e deixam de perceber as qualidades das coisas. Elas criam um mundo virtual onde tudo parece funcionar bem na cabeça delas, mas elas se desconectam da realidade.

Um observador quase oculto

Gosto de fazer caminhadas ou pedalar a minha bicicleta no final do dia. E para tanto, não levo o meu Smartphone. Não carrego isso em todos os lugares que eu vou. Se estou na minha cidade, prefiro usar um telefone simples de uma geração anterior, que não oferece acesso facilitado para Internet, não tira foto, não grava vídeo. Ele só faz e recebe chamadas.

Tomei essa decisão por duas razões. A primeira é a segurança, porque o Smartphone tem muitas informações pessoais, acesso ao Internet Banking e à corretora de valores. Então, se você perder um Smartphone ou se for assaltado, é muito perigoso, porque boa parte da sua vida depende desse aparelho. Hoje é impossível acessar o Internet Banking no computador de mesa se você não tiver o código oferecido pelo Smartphone, por exemplo.

Então, prefiro um aparelho de telefone celular bem mais simples, que tem um custo muito menor. Se eu for assaltado por alguém, não será um transtorno muito grande.

Mas a segunda razão pela qual carrego esse telefone nas minhas caminhadas ou pedaladas, é para obrigatoriamente perceber o mundo como ele é. Gosto de observar as pessoas e os lugares. Então, vejo muita gente fazendo suas caminhadas com Smartphones nas mãos. Pessoas que levam um cachorro para passear e o animal vai na frente esticando a cordinha, e atrás fica o dono dele olhando para o celular ao invés de brincar com o próprio cachorro e prestar atenção na calçada.

Vejo também algumas mães empurrando o carrinho do bebê com o celular na mão. Elas não estão curtindo o passeio com o neném no carrinho, mas estão olhando para o próprio celular, possivelmente deslizando para ver memes nas redes sociais.

Chances e prazeres desperdiçados

Quando faço uso de ônibus coletivos ou ando no metrô de São Paulo, também vejo pessoas olhando seu telefone bem ao lado de outras pessoas. Mas ao invés de conversarem entre elas, para quem sabe desenvolverem novos relacionamentos espontâneos ou mesmo estabelecer chances de encontrar algum trabalho ou fazer negócios, cada um está com seu telefone. Quantas oportunidades foram perdidas nesse sentido?

Lembro, na minha época de recém-formado, que ia à agência bancária pagar contas. Isso não era possível pelo Internet Banking. Você tinha que pagar os boletos presencialmente. Então, a fila do banco era um evento social. Quantas vezes conheci um cliente em potencial na fila do banco, ou mesmo uma eventual paquera? Isso não acontece mais.

Conheci a minha esposa no balcão de uma farmácia. Fui até a farmácia para comprar um remédio e começamos uma conversa. Convidei ela para tomar um café. Isso era muito comum no mundo analógico, porém é pouco comum nessa era da Internet, onde as pessoas virtualizam tudo, até a compra dos remédios. Você vai concordar comigo que o motociclista que faz a entrega dos remédios não é tão simpático quanto uma garota que está no balcão da farmácia te atendendo.

Como sou um dinossauro do século XX, vou reclamar do Smartphone na mão das pessoas, porque isso tirou o prazer de dirigir nas cidades. Antigamente, para dirigir um carro, você se concentrava essencialmente no volante. Mas muitas pessoas se distraem com o uso de telefone celular ao volante, até com o intuito de se orientar nos destinos, ou seja, elas são dependentes de aplicativos que se valem do GPS.

Então, até para visitar o pai e a mãe na própria cidade, tem gente que usa o GPS porque não consegue memorizar o caminho da sua casa até a casa dos seus pais. Quantas vezes já parei o carro num sinal fechado no cruzamento, sendo o terceiro ou quarto colocado na fila dos carros, e o sinal abre e a primeira pessoa não engata a primeira marcha: pois está olhando para o telefone celular. A mesma coisa acontece com o segundo colocado. Quando você pensa que vai engatar a primeira marcha para atravessar o cruzamento, o sinal fecha de novo. Muitos acidentes de trânsito são provocados em função de pessoas distraídas com o uso de telefone celular dentro do carro.

Isso também acontece nas estradas. Certa vez, estava passando perto do acesso de uma cidade numa rodovia muito movimentada. Um carro me ultrapassou pela esquerda e me fechou para poder entrar na pista transversal. Eu me virei para xingar essa pessoa e percebi que ela tinha um telefone celular no painel do carro. Ou seja, por orientação do programa que usa o GPS, essa pessoa quase provocou um acidente porque ia perder a entrada da cidade e fez isso de forma abrupta.

A nova madrasta

O telefone celular também substituiu a televisão como babá eletrônica das crianças. Antigamente, quando o pai e a mãe precisavam fazer alguma tarefa em casa, ligavam a televisão para as crianças se distraírem. Ou elas brincavam entre os irmãos, com os coleguinhas na rua. Isso acabou. Hoje, quando você quer se concentrar em algo ou não quer dar atenção para o seu filho, o que faz? Dá um Smartphone para ele. 

Isso pode ser terrivelmente prejudicial à geração que nasceu no final dos anos de 1990 e começo dos anos 2000 para cá, pois já não conhecem o mundo em duas frentes: com ou sem a Internet. Então, o conflito entre as gerações é maior, principalmente no ambiente de trabalho, porque nós temos outras referências em relação a quem está chegando agora.

Não estou aqui para pregar contra a Internet e o Smartphone. Essa tecnologia é realmente maravilhosa, abre portas e gera oportunidades de trabalho para incontáveis pessoas. Entretanto, temos que preservar o senso crítico, a capacidade de observar isso como se fosse uma pessoa de fora desse ambiente, para que isso não tome conta do nosso âmago e não se misture com a nossa própria personalidade.

Se você é muito dependente da Internet, reduz a sua capacidade crítica e a sua própria personalidade. Nesse sentido, é necessário pagar o preço de ser um dinossauro do século XX. Por vezes, nós não seremos compreendidos pela nova geração, mas temos que mostrar parâmetros para essa gente.

Faço esse registro, porque quem sabe lá no futuro, daqui a várias décadas, alguém possa encontrar esse depoimento e isso possa ajudar em alguma pesquisa científica ou acadêmica.

A vacina para um mundo hiperconectado? Ler os clássicos

Em um mundo digital, somos bombardeados por informações, nem sempre verdadeiras. A proteção contra esse mar de fake news e desinformação está nos livros clássicos, fontes de sabedoria e discernimento. Mas como escolher?

Italo Calvino se debruçou sobre a importância de ler os clássicos, a ponto dele mesmo escrever um a respeito do tema. Em "Por que ler os clássicos", Calvino apresenta textos sobre Balzac, Borges, Dickens, Flaubert, Homero, Stendhal, Montale, Ovídio, Tolstói, Voltaire, entre outros. Para o autor, "nenhum livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão".

Comece a leitura dos clássicos por Calvino, e não pare mais.

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sexta-feira, 28 de julho de 2023

Quando estive em Engenheiro Coelho

O goleiro tenta, em vão, agarrar a bola que vem do alto. Arte gerada com o auxílio de inteligência artificial via craiyon.com
O goleiro tenta, em vão, agarrar a bola que vem do alto. Arte gerada com o auxílio de inteligência artificial via craiyon.com

1989

Passei boa parte da puberdade jogando bola. Era goleiro numa escolinha de futebol do bairro João Aranha, mantida pela Prefeitura de Paulínia. Um dia, nosso time foi até Engenheiro Coelho, que na época era um distrito de Artur Nogueira. O nosso professor conseguiu um micro-ônibus para fazer a pequena excursão.

Era a primeira vez que a gente jogaria fora de casa, sem contar os jogos disputados no centro na nossa cidade. A gente não queria fazer feio. No começo da partida, cheguei a pensar que venceríamos o duelo. Atacamos sem parar. Eis que no primeiro contragolpe fiquei sozinho diante do atacante do time adversário. Tentei dar um carrinho na bola, que ainda estava nos pés do oponente, mas ele chutou antes e a pelota passou do meu lado. 1 a 0.

Alguns minutos depois eles vieram sozinhos, mais uma vez. A defesa do meu time tinha ficado no meio de campo. Saí do gol novamente, quando o centroavante deu um balão na bola. Levantei os olhos para ver sua trajetória e me atrapalhei com o sol. Pulei para o alto no instinto, mas a bola passou poucos centímetros acima das minhas mãos e morreu na rede do gol, atrás de mim. Quando fui buscá-la ouvi uns bêbados, que estavam num bar perto do campo, me chamando de frangueiro.

O professor não esperou o jogo se reiniciar. Mandou o goleiro reserva para o aquecimento. Fui substituído antes dos 30 minutos do primeiro tempo. Os caras chutaram duas bolas para o gol. As duas entraram. A ordem foi jogar na retranca desde então, para evitar uma goleada. Perdemos por 2 a 0 e a culpa recaiu sobre mim.

Na volta para casa, ninguém sentou do meu lado. Olhando pela janela, para a zona rural da região, não queria aceitar que não levava jeito para ser jogador de futebol. Porém, nunca mais atuei pela escolinha do bairro. Na virada do ano, meu pai me transferiu para um colégio particular de Campinas. Passei a acordar de madrugada e, durante as tardes, tinha muita lição para fazer.

2005

A vida parecia divertida aos 29 anos. Trabalhava como arquiteto durante a semana e saia para curtir as noites de sábado, afinal de contas, "todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite: sábado a noite tudo pode mudar."

Anunciaram uma festa à fantasia num clube de Engenheiro Coelho. Escolhi ir trajado de Spirit, personagem criado por Will Eisner. Dois amigos foram comigo. Seria legal voltar para lá depois de tantos anos. As expectativas para bons tempos eram semelhantes.

Dentre tantas garotas vestidas como princesas, fui puxar conversa com uma bruxa. A prosa não progrediu muito bem, pois ela era tímida, embora simpática. Sorria mais do que falava e quando falava me soava um pouco ingênua.

- Desculpe perguntar, mas quantos anos você tem?

- 16.

De repente me senti muito velho. Olhei para os lados e percebi que a maioria das pessoas naquele baile eram adolescentes. Então, me senti deslocado. Poderia ser tio daquela menina. Quem sabe os pais dela poderiam ser da minha geração, só um pouco mais maduros.

- Você me dá licença? Preciso ir ao banheiro.

Foi duro encarar aquele espelho embaçado e ver um sujeito ridículo debaixo daquele chapéu, daquela máscara e daquela casaca. Procurei meus amigos:

- Para mim já deu. Espero vocês no carro.

Agarrei o volante com as duas mãos, olhei para o retrovisor e pensei:

"Estou fazendo alguma coisa errada. A vida não pode ser só isso."

Algumas semanas depois conheci a Renata. Ela também tinha 29 anos na ocasião. Estamos juntos até hoje.

2017

Saiu no jornal do almoço que a Orquestra Sinfônica de Campinas se apresentaria na UNASP em Engenheiro Coelho, na nave principal da igreja daquele campus universitário. No programa estava o oratório dedicado à Elias, de Felix Mendelssohn, para marcar a comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante. Como luterano, senti o dever de prestigiar o evento com entrada gratuita.

Centenas de pessoas estavam lá. O lugar parecia uma universidade dos Estados Unidos, assim como vemos nos filmes enlatados. Dentre tantas famílias, estava sozinho. Agora não me lembro a razão. Flanei como um fantasma pelo saguão daquilo que aprecia um grande teatro. Caminhei por alguns balcões até que encontrei uma boa cadeira para acomodar-me.

Não consegui prestar atenção nos músicos. Minha cabeça era bombardeada com ideias para um projeto que precisava apresentar em poucos dias. As telas do computador surgiam nas minhas retinas. Então, lembrava que também precisava continuar escrevendo meu terceiro livro, desta vez com uma cobrança inédita para antecipar a entrega. Vozes do empreiteiro me perguntando coisas sobre uma obra em andamento se intercalavam com as vozes do coautor do livro em progresso.

Mesmo diante de tanta confusão mental, consegui raciocinar que, depois da última cantata, haveria um engarrafamento monstro para ir embora. Retire-me do recinto antes disso. Aproveitei para dar uma volta de carro pelas ruelas daquela cidade universitária.

"Acho que não terei tempo de projetar um campus universitário. Isso não vai acontecer. Não dá mais para tentar conciliar tantas atividades ao mesmo tempo. Já fiz muitos projetos. Não serei maior ou melhor arquiteto do que já sou. Preciso dar prioridade para os livros."

Não tardou muito para lançarmos o Guia Suno Dividendos em parceria com o Tiago Reis. Foi o primeiro livro que escrevi a figurar na lista dos mais vendidos, na Revista Veja, na época ainda prestigiada.

2023

As coisas estão indo bem. Não posso reclamar. Isso me faz ter medo de visitar Engenheiro Coelho novamente. Mas cedo ou tarde isso vai acontecer. Quando vou para lá, nunca volto o mesmo.

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terça-feira, 18 de julho de 2023

Pequena biblioteca para investidores principiantes

Homem mergulha na leitura de um livro em sua biblioteca. Arte gerada com o auxílio de inteligência artificial via craiyon.com
Homem mergulha na leitura de um livro em sua biblioteca. Arte gerada com o auxílio de inteligência artificial via craiyon.com

Investir bem é um reflexo de viver bem e vice-versa. 

Para ser um bom investidor é preciso assimilar aspectos técnicos e objetivos, que auxiliam na formação de uma estratégia perene, com foco no longo prazo, baseada na análise fundamentalista, na margem de segurança e na diversificação de ativos que compõem um portfólio que atende aos conceitos do Value Investing (Investimento em Valor) e do Buy and Hold (Comprar e Segurar).

Nada disso será bem-sucedido se não houver controle emocional e isso não costuma ser ensinado no ambiente do mercado de capitais. É preciso buscar fora dele aquilo que nos tornam mais pacientes, disciplinados e equilibrados para lidar com os altos e baixos da renda variável. Essas características também nos fazem conviver melhor com nossos familiares. amigos e colegas de trabalho. Um coisa não está dissociada da outra.

Para investir bem, também precisamos de um propósito de vida, algo bastante subjetivo. Então, não basta seguir apenas os exemplos dos bons investidores. É preciso prestar atenção, também, nos autores que se debruçaram sobre a condição humana ao longo do tempo. Para tanto, a leitura de bons livros é de grande valia.

Considerando essa dualidade, faço minha sugestão para a formação da pequena biblioteca do investidor que deseja viver melhor, deixando claro que muitos outros títulos podem ser adicionados a partir dessas primeiras leituras. Clique nas capas para acessar a loja da Amazon.


Lista de livros objetivos para investir melhor:


1) Faça fortuna com ações, de Décio Bazin. Livro escrito por um investidor brasileiro que propõe um método simples para investir em empresas que pagam dividendos, além de retratar a mentalidade correta para se manter ativo na Bolsa, com relatos históricos do tempo em que as operações eram presenciais.


2) O jeito Warren Buffett de Investir, de Robert G. Hagstrom. Um dos melhores livros introdutórios sobre o investimento em renda variável, de acordo com os preceitos adotados por aquele que é considerado o maior investidor de todos os tempos. Combina aspectos técnicos e comportamentais.


3) O jeito Peter Lynch de investir (One up on Wall Streat), de Peter Lynch & John Rothchild. Escrito em primeira pessoa com ajuda de um escritor profissional, esta obra passa pelos vários tipos de ações e pelos principais aspectos que devem ser considerados na análise das empresas de capital aberto.


4) O investidor inteligente, de Benjamin Graham. Todo investidor de longo prazo que se preza, cedo ou tarde terá a missão de ler este livro escrito pelo pai do Value Investing. As edições mais recentes são enriquecidas pelos comentários de Jason Sweig, jornalista especializado em investimentos que traduz muitos conceitos para uma linguagem mais acessível.


5) Guia Suno Fundos Imobiliários, de Danilo Bastos & Professor Baroni. Os fundos imobiliários - FIIs - são uma classe de investimentos em renda variável que combina bons rendimentos com segurança, resultando em ativos ideias para investidores mais defensivos e conservadores.


Lista de livros subjetivos para viver melhor:


6) O poder do mito, de Joseph Campbell & Bill Moyers. Imagine um podcast gravado antes mesmo da Internet tomar conta das pessoas. Este livro é uma transcrição da série de entrevistas de um mitólogo para um jornalista erudito. Leitura obrigatória para compreender aspectos que ajudam a dar significado para a vida.


7) Saber envelhecer seguido de A amizade, de Marco Tulio Cicero. O jurista romano alega que não existem velhos que ficam ranzinzas, mas ranzinzas que envelhecem. Para o autor, somente duas pessoas honestas podem construir uma amizade duradoura.


8) Aprendendo a viver, de Sêneca. Uma seleção das cartas do filósofo estoico escritas para Lucílio, tratando de temas morais, da brevidade da vida, daquilo que é necessário para ter uma vida mais feliz e tranquila. Leitura curta, mas profunda.


9) Lições de um estoico, de Epicteto. Uma coletânea dos ensinamento de alguém que foi escravo na Roma Antiga, se libertou e formou a própria escola de filosofia, para quem há coisas que podemos controlar a coisas que não podemos controlar. Essencial.


10) Meditações, de Marco Aurélio. Foi originalmente escrito em forma de diário por um imperador romano que, após seu passamento, foi organizado em forma de livro que atravessou os séculos e até hoje é lido e relido por grandes líderes.


Quem leva seus investimentos a sério assina o plano Bull do Status Invest

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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Rita Lee é dona de uma das minhas primeiras lembranças


Eu devia ter uns três anos de idade. Estava no banco de trás do Fusca branco dos meus pais. Meu pai estava ao volante. Minha mãe ao lado, segurava uma câmera de filme Super 8. Meu irmão mais velho estava ao meu lado esquerdo, sem cinto de segurança, com apenas seis ou sete anos. Minha irmã caçula do outro lado. Eu era o filho do meio, então sentava no meio do banco traseiro.1979? Acredito que sim.

O rádio embutido no painel de metal era preto, com dois grandes botões e umas teclas sob o dial. A gente estava chegando em Campinas, passando pela fábrica de biscoitos da Triunfo. Quando ouço a palavra "Campinas", me vem a imagem desse radinho, que estava tocando uma música estranha, que eu não entendia nada.

Anos depois descobri que se tratava de "Mania de Você", de Rita Lee. A música tocava várias vezes ao dia. No consultório da dentista, uma morena alta e magra, havia uma caixa de madeira com dominós, na sala de espera. Eu brincava com eles como se fossem carrinhos num estacionamento. No som ambiente as palavras e a melodia de Rita Lee eram gravadas em minha cuca, no alto de um prédio da Avenida Francisco Glicério, perto da Catedral de Campinas.

A dentista era bonita e muito simpática. Foi atenciosa comigo. Mais do que isso: carinhosa. Lembro do bocão aberto, de olhar para o teto e para o nada, ao mesmo tempo. "Nada melhor do que não fazer nada..." - Rita Lee entrou na minha cabeça desde cedo, pela minha boca e pelos meus ouvidos. Ela tinha a idade do meu pai. Apenas três dias de diferença.

Meu pai, porém, levou uma vida completamente diferente. Enquanto Rita Lee e os Mutantes passeavam de Buggy, meu pai servia o exército. Enquanto Rita Lee se separava dos Mutantes, meu pai se casava com minha mãe. Enquanto Rita Lee fazia sucesso com a banda Tutti Frutti, meu pai trabalhava no turno da noite, numa fábrica. Minha mãe fazia tudo em casa.

Um dia, já na faculdade, comprei um disco dos Mutantes. Mostrei para o meu pai, que disse: "Esses playboyzinhos copiavam os Beatles". Sim, mas eram tão bom quanto eles.

Como sempre, nunca estamos preparados para um partida. Nunca cheguei perto da Rita Lee, mas seu passamento reavivou lembranças que estavam sendo apagadas em minha mente. O que me assusta, porém, é que a geração dos meus pais começou a ir embora. Para sempre. E nós, que ficaremos por aqui por mais algum tempo, o que vamos fazer? Vamos desafiar as convenções da sociedade? Vamos aguentar o tranco de trabalhar duro para pagar as contas e criar nossos filhos?

Sinto que a geração anterior foi muito mais adulta, rebelde, resistente e intensa do que a nossa. Isso me angustia.

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Van Gogh descrito pelo ChatGPT (e onde Pinóquio entra nesta história)

"Doze Girassóis numa Jarra" (1888), pintura de Vincent van Gogh (1853-1890) pertencente ao acervo da coleção Neue Pinakothek , em Munique, na Alemanha.
"Doze Girassóis numa Jarra" (1888), pintura de Vincent van Gogh (1853-1890) pertencente ao acervo da coleção Neue Pinakothek , em Munique, na Alemanha.

Todos estão falando do ChatGPT e de sua capacidade de gerar conteúdo via inteligência artificial. Minha curiosidade venceu a minha pretensa resistência ao uso de tecnologia para fazer o trabalho intelectual de um ser humano. Dei o braço a torcer. A seguir, reprodução minha primeira interação com o ChatGPT.

(Antes, abro parêntese para confessar que GPT me lembra Gepeto, o marceneiro da fábula que criou Pinóquio, um boneco de madeira que era capaz de falar e queria ser uma pessoa de verdade, e que se notabilizou por contar mentiras que faziam seu nariz crescer. Seria Pinóquio um protótipo da inteligência artificial? Não deixa de ser assustador o fato de que essa ferramenta revolucionária pode ser usada para contar mentiras, mas nós não veremos nenhum nariz crescendo em função delas. Por isso, tome cuidado. Fecha-se o parêntese.)

Segue a minha solicitação:

Desenvolva uma crônica sobre Van Gogh e seu controverso falecimento.

Segue a resposta do ChatGPT:

"Vincent van Gogh era um artista apaixonado e intenso, conhecido por suas vibrantes pinturas que capturavam a essência do mundo ao seu redor. Sua vida, no entanto, foi marcada por turbulências e tragédias, e sua morte ainda é um mistério que fascina o mundo da arte até hoje.

Van Gogh nasceu em 1853 na Holanda, e desde cedo mostrou talento para a pintura. Ele passou anos viajando pela Europa, absorvendo influências e experimentando diferentes estilos, antes de se estabelecer na pequena cidade de Arles, no sul da França, em 1888. Lá, ele encontrou inspiração nas cores vibrantes da paisagem, e produziu algumas de suas obras mais icônicas, como "Noite Estrelada" e "Girassóis".

No entanto, sua estadia em Arles foi tumultuada. Van Gogh sofria de doenças mentais que o deixavam instável e inquieto, e seu relacionamento com outros artistas da região muitas vezes era tenso. Em dezembro de 1888, ele teve um colapso nervoso e cortou parte de sua orelha esquerda.

Após esse incidente, Van Gogh foi internado em um hospital psiquiátrico em Saint-Paul-de-Mausole, onde passou um ano em tratamento. Durante esse período, ele continuou a pintar, produzindo algumas de suas obras mais emocionantes e intensas. No entanto, sua saúde mental nunca se recuperou completamente, e em julho de 1890, aos 37 anos, ele morreu de um tiro no peito.

A causa exata de sua morte ainda é objeto de debate e especulação. Alguns acreditam que Van Gogh se suicidou devido a seus problemas de saúde mental e ao fracasso comercial de suas pinturas. Outros argumentam que ele foi morto por outra pessoa, possivelmente um adolescente local que o havia provocado anteriormente. A teoria de homicídio ganhou força em 2011, quando dois autores publicaram um livro argumentando que Van Gogh foi baleado por um colega artista chamado Paul Gauguin, que supostamente mentiu para encobrir sua culpa.

Independentemente da causa, a morte de Van Gogh deixou um legado duradouro. Suas pinturas são agora consideradas algumas das mais importantes da história da arte, e suas cores vibrantes e pinceladas expressivas inspiraram inúmeros artistas ao longo dos anos. Sua vida, marcada por sofrimento e luta, é um lembrete de que mesmo aqueles que parecem destinados ao fracasso podem deixar uma marca duradoura no mundo."

Segue o meu parecer:

Estou impressionado. Meus dias como cronista estão contados. Nada do que eu possa escrever de hoje em diante será inquestionável, no sentido de que tenha sido realmente escrito por mim. Sempre poderão desconfiar que fiz uso de inteligência artificial. Será um desafio demonstrar o contrário. Tentarei fazer isso recomendo ao meu passado e às minhas andanças por aí, para recolher coisas que ainda não estão na Internet, para se converterem em matéria prima para esses programas que automatizam a produção de conteúdo.

Em complemento ao que o ChatGPT respondeu, recomendo que assistam ao filme sobre Van Gogh, produzido com técnicas que simulam suas pinturas impressionistas. Um belo exemplo do casamento da tecnologia com a sensibilidade artística dos seres humanos.


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sábado, 17 de dezembro de 2022

Uma reflexão sobre o ofício da Arquitetura na pós-modernidade

Visitar obras: a parte nada romântica, mas fundamental, na rotina de um arquiteto.
Visitar obras: a parte nada romântica, mas fundamental, na rotina de um arquiteto.

15 de Dezembro: Dia do Arquiteto. 

Sinceramente estou em dúvida se é um dia para comemorar ou lamentar. Poucos profissionais trabalham mais (e se estressam mais) do que os arquitetos, a despeito do público em geral imaginar o contrário, envernizando um ofício que outrora já foi respeitado - e não é mais.

Numa obra, o pedreiro não tem registro em conselho profissional. O eletricista também não, nem o servente, nem o ferreiro, nem o gesseiro, nem o carpinteiro, nem o marceneiro. Então, se acontecer algo errado na construção, quem responde? Aquele que tem registro em conselho: arquiteto ou engenheiro.

A responsabilidade de quem projeta e acompanha obras é enorme, o que faz de arquitetos e engenheiros profissionais baratos perto do tanto que eles podem perder se algo de ruim acontecer num canteiro de obras. Acontece que nem os profissionais do ramo sabem disso e os conselhos pouco orientam sobre o assunto.

Na outra ponta, quem precisa pagar pelo serviço de um arquiteto, muitas vezes pensa que ele é apenas um despachante de planta, quando não um atravessador imposto por uma norma burocrática. Poucos tem a noção de que um bom arquiteto pode encontrar ótimas soluções para um projeto que, inclusive, podem gerar economia de recursos não só na obra, mas na manutenção do imóvel ao longo do tempo. 

Alô pessoal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR, tem alguém lendo isso? O recado é para vocês também.

Como arquitetos são pessoas que trabalham bastante, eles não tem tempo para se envolver em questões políticas e de classe. O que é um erro deles. Então, quem ocupa os cargos de direção das entidades de classe? Majoritariamente os sindicalistas e professores universitários, com pouca gente de escritório (de prancheta e de canteiro de obra) ficando nas rabeiras das chapas que distribuem os mesmos cargos de sempre para o pessoal "das cabeças".

Daí que temos um conselho de classe que não entende a nossa realidade e não nos representa de fato, posto que os conselheiros não possuem experiência de mercado. 

Em linhas gerais, o arquiteto brasileiro atuante no mercado é um sujeito pacato de classe média, que tende a ter uma religião e ser de centro na política, quando não um moderado de direita. Estou errado?

Mas as pautas "progressistas" que o CAU patrocina nem de longe contemplam esse perfil, que deveria ser mais empreendedor num país que não gera empregos. Os arquitetos precisam aprender a gerir melhor seus negócios e precisam aprender a vender melhor seus serviços.

Porém, fora algumas iniciativas pontuais, não vejo o CAU incentivar as melhores práticas profissionais. O treinamento mais oferecido é para o recém-formado aprender a preencher um RRT, como se isso fosse um fim em si mesmo: pagar uma comissão para o CAU por cada projeto fechado com descontos progressivos, pois a concorrência desleal aumenta a cada ano e ninguém faz nada para frear o ingresso de gente desqualificada no mercado de trabalho.

Já passou da hora do CAU instituir um exame profissional para validar a formação dos universitários. E já passou da hora de fiscalizar melhor a criação de novos cursos particulares, que se propõem a ensinar Arquitetura e Urbanismo em barracões adaptados de fábricas que faliram no entorno das grandes cidades.

Enfim, não vou me alongar nesse tema. Se tiver que escrever tudo que penso, vou criar uma legião de detratores que nada vão acrescentar ao debate. 

Você é arquiteto ou arquiteta? Já vou avisando: cuide bem do seu negócio. Aprenda a usar as ferramentas de marketing e administração que a faculdade não te entregou. Não espere nada dos sindicatos e dos conselhos de classe. Você está por sua conta e risco. Fortaleça laços sociais com os profissionais mais sérios do seu ramo, pois são eles que poderão te ajudar e vice-versa.

E o mais importante: faça um ótimo trabalho para quem te contrata, sempre!

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sábado, 19 de novembro de 2022

A vida como ela pode ser


Em outubro de 1972 meus pais se casaram numa igreja protestante no bairro de Indianópolis, São Paulo. Naquela época, os casamentos eram mais simples. Não havia tanta preparação, com tanta antecedência e tanta pompa.

Logo depois da Lua de Mel, passada na roça do Rio Grande do Sul, para prestigiar os parentes que não puderam comparecer ao ato religioso, eles se mudaram para o interior paulista, onde começaram a construir uma vida e uma família, juntos.

Meio século se passou. Bodas de Ouro. Incrível. Imaginei que meus pais fariam um grande evento para comemorar. Eles mereciam. Quem sabe uma nova cerimônia no altar, com uma festa num buffet - essas coisas que os mais jovens se empenham para poder eternizar um rito de passagem.

No entanto, eles apenas comunicaram que fariam um almoço na varanda da casa, para os parentes mais próximos. "Não pode ser" - pensei. Já fizemos vários almoços corriqueiros naquela varanda, inclusive sem motivos especiais. 

Mas eles decidiram assim: comemorar suas Bodas de Ouro do mesmo jeito que fizeram para manter uma união tão duradoura. Nesta receita não teve nada de pompa, mas teve uma boa dose de austeridade e resiliência - palavra cujo significado tivemos que aprender na prática, pouco antes das Bodas de Prata.

(...)

"Tudo bem, será um almoço simples, mas vou fazer uma surpresa para todos" - matutei comigo. Liguei para o meu amigo Eduardo Furtado, saxofonista com todas as notas. Amigo não é necessariamente aquela pessoa com quem conversamos todos os dias, mas é aquela pessoa que nos acolhe quando mais precisamos.

A gente precisava de um momento de arte numa data tão importante. Através da arte conseguimos expressar aquilo que as palavras e os clichês não conseguem entregar. A música, em especial, condensa os sentimentos mais autênticos numa linguagem universal. A boa música gera empatia entre as pessoas e, com isso, promove a comunhão que tanto precisamos para suportar este mundo cada vez mais árido.

Então, o Eduardo chegou em nosso cantinho, sem avisar. Os sons harmônicos foram ganhando volume, conforme ele caminhava pelo quintal, até que ele surgiu para todos, tirando lágrimas até dos tios mais turrões, acostumados a lidar com a dureza do cotidiano. Passado o impacto inicial, porém, alguns se voltaram para seus botões.

Se para alguns, o momento foi uma catarse, para outros, pareceu um almoço em churrascaria. É assim que funciona e tudo bem. Não é todo mundo que tem os receptores mentais ajustados para perceber a arte fluindo no ambiente. Um artista deve saber lidar com isso: enquanto alguns apreciam seu empenho, outros seguem conversando sem perceber que a vida escorre pela ampulheta.

De minha parte, estive no grupo majoritário, que se emocionou de verdade. Quando meus pais se casaram, não teve música ao vivo, mas em suas Bodas de Ouro, sim. Então, preciso agradecer ao Eduardo, que é um artista de primeira grandeza, pois traz em sua alma a sensibilidade para executar as mais belas melodias.

O registro desse momento, em vídeo, foi feito de forma amadora. Foi o preço que paguei por ter guardado segredo sobre a surpresa. Deveria ter pensado nisso antes, mas creio que a espontaneidade compensou a falta de planejamento, dado que minha esposa gravou um átimo da vida - não como ela é, mas como ela pode ser.

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