segunda-feira, 13 de abril de 2020

NUN MOROIO

Estátua em homenagem à Enrico Toti, na Porta Pia de Roma, Itália.
Estátua em homenagem à Enrico Toti, na Porta Pia de Roma, Itália.

Entre janeiro e fevereiro de 1998 estava ingressando no último ano da faculdade de Arquitetura, quando fiz uma viagem de estudos para a Itália. Por muito tempo pensei que aqueles dias em solo europeu teriam sido o anticlímax da minha vida, até que tratei de enfrentar outros desafios típicos de um eterno aprendiz.

Das poucas fotografias que fiz naquela ocasião (apenas dezenas de instantâneos captados com um filme Kodak encalacrado numa Olympus OM-10, pois hoje teriam sido milhares de imagens digitais clicadas pelo smartphone), esta segue uma das minhas favoritas. Já comentei sobre ela no meu site de Arquitetura:

"Pouquíssimos reconheceriam esta escultura perdida entre milhares de atrações que a Cidade Eterna oferece. Esta homenagem feita a um soldado italiano durante a Primeira Grande Guerra Mundial, está situada no pátio da Porta Pia, projetada pelo gênio renascentista Michelangelo.
A ação da umidade na parede de fundo, que remete a uma rajada de balas, tira a fotografia do anonimato perante os olhares mais desapercebidos, para lançá-la no universo pop típico das histórias em quadrinhos."

Pois a imagem de Enrico Toti me veio em mente com certa insistência. Em tempos de quarentena e de pandemia, estamos todos com aquela sensação de que as coisas ficaram difíceis, quase insuportáveis. Ficaram mesmo? Será que ganharemos uma estátua perdida nas entranhas de uma metrópole, um dia?

Para tanto, teríamos que fazer algo a altura de um combatente que seguiu adiante, mesmo com a perna esquerda amputada. Sua muleta converteu-se em arma de defesa. A placa em saudação à memória de Toti afirma que ele persistiu com um "estoicismo digno de uma alma altamente italiana".

A resposta para enfrentar dias difíceis não está numa farda ou num coturno solitário, como a estátua de Enrico externamente retrata, mas na sua atitude estoica, cujo princípio basilar está declarado numa frase de Epicteto, filósofo grego que viveu como escravo em Roma, no primeiro século depois de Jesus Cristo:

"Não são as coisas que acontecem conosco que nos fazem sofrer, mas o que nós dizemos a nós mesmos sobre essas coisas."


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