sábado, 14 de setembro de 2019

Investindo como um quarteto de Jazz

Capa do álbum “Time Out” (1958) do conjunto “The Dave Brubeck Quartet”, idealizada por Neil Fujita (1921-2010).
Capa do álbum “Time Out” (1958) do conjunto “The Dave Brubeck Quartet”, idealizada por Neil Fujita (1921-2010).

Quem começa a investir no mercado de capitais logo percebe que um dos conselhos mais difundidos neste meio é que bons investidores cultivam o hábito da leitura, que não fica restrita aos relatórios das casas de research e aos balanços financeiros das empresas. Ler bons livros sobre assuntos variados aumenta o repertório cultural de uma pessoa e isso lhe ajuda a tomar melhores decisões de investimento.

Mas podemos ir além, ao pregar que bons investidores devem ouvir boa música. O difícil é definir o que é boa música, uma vez que gostos pessoais interferem nesta questão. Além do mais, nem sempre uma boa música é uma música de sucesso.

As músicas que fazem sucesso, hoje em dia, refletem um esquema mercadológico que também atua em livros de autoajuda: seus autores, cercados por um esquadrão de especialistas em marketing, tentam produzir aquilo que imaginam que queremos ouvir ou ler, e entregam para nós.

Livros e músicas realmente autorais e propositivas são artigos mais raros hoje em dia, embora tentamos fazer a nossa parte.

Porém, fiquemos no tema musical: as atuais músicas que estouram no YouTube e nas rádios são basicamente eletrônicas e artificiais. Usam sintetizadores para tudo e até as apresentações ao vivo usam bases pré-gravadas que encobrem eventuais distorções na execução em palco. É um esquema complexo, como são complexas as fórmulas milagrosas e secretas que volta e meia rondam a cabeça de quem pretende investir para enriquecer rapidamente – embora, no fim das contas, tudo soe parecido.

Ocorre que boas músicas, assim como boas estratégias de investimento, são baseadas em componentes simples que, agregados, resultam em algo sofisticado, prazeroso e compensador. Não há segredos nisso, embora sejam atividades que dependem de muita prática e conciliação de boas notas – ou bons ativos. Tudo isso leva tempo – um longo prazo – para ser alcançado.

Eis os elementos básicos para uma boa estratégia de investimentos que será adequada para a grande maioria dos iniciantes:

A) Geração de excedente de capital através da renda obtida com um ofício.
B) Formação de reservas de capital para emergências e oportunidades através de produtos de renda fixa.
C) Investimento em geração de renda passiva através de aportes em fundos imobiliários.
D) Investimento em crescimento de patrimônio através de aportes em ações de empresas promissoras, que de preferência paguem bons dividendos.

Pronto. Os instrumentos estão aí para serem combinados através do ritmo, da harmonia e da melodia, como num quarteto de Jazz.

Neste ponto, para exemplificar a simbiose de boa música com bons investimentos, vamos eleger “The Dave Brubeck Quartet” como referência. Este quarteto norte-americano de Jazz se formou em 1951 e sua fase áurea durou até 1967, com reuniões esporádicas posteriores. Sua formação clássica era a seguinte:

A) Joe Morello na bateria.
B) Eugene Wright no contrabaixo.
C) Dave Brubeck no piano.
D) Paul Desmond no saxofone alto.

Você não tem obrigação de saber, mas o grande sucesso deste grupo foi composto pelo saxofonista Paul Desmond: “Take Five”, lançado em 1958 no álbum “Time Out”, cuja capa traz uma pintura do artista gráfico Neil Fujita.

Esta música, de quase sete minutos e meio de duração, começa com a bateria de Joe Morello. Trata-se do único instrumento que toca em toda a execução. A bateria representa a renda obtida por um ofício. Então, que o investidor novato não se engane: sem a dedicação a um ofício, dificilmente ele será vencedor no mercado financeiro, especialmente nos primeiros anos.

Na sequência entra o contrabaixo de Eugene Wright. Em nenhum momento este instrumento é o grande destaque da música, mas é ele que ajuda a sustentar o ritmo e a harmonia do conjunto, ofertando proteção (hedge) entre as variações de solo dos demais instrumentos. Sem o contrabaixo, “Take Five” ficaria seca e contrastante demais, repleta de solavancos.

Dave Brubeck adiciona o piano logo em seguida, estabelecendo a toada que será a chave para música como um todo, sem ser o instrumento protagonista da peça. O piano atua como os fundos imobiliários, adicionando renda passiva na composição, preparando a introdução do instrumento que faltava na receita: as ações.

Quando se fala em investimentos na Bolsa de Valores, a associação imediata é feita com as ações de grandes empresas de capital aberto. É como o saxofone no Jazz e “Take Five” é reconhecida entre os entusiastas deste estilo musical pelas inserções do saxofonista Paul Desmond.

Após ouvir a música com atenção, você notará que o saxofone não está presente o tempo todo, mas somente nas fases oportunas. Algo semelhante ocorre no mercado financeiro: quando as ações estão caras demais, está na hora de interromper as compras momentaneamente e observar o que os fundos imobiliários tem a dizer. É o que faz Desmond, quando Brubeck inicia um solo no piano.

“Take Five” não é uma música linear: ela é composta por ciclos, assim como a Economia também é regida por ciclos. Em momentos difíceis, o investidor se apoia exclusivamente no seu ofício, gerando excedente de capital para investir quando as boas oportunidades voltarem. É deste modo que podemos apreciar o solo de bateria de Joe Morello, tocando sozinho no palco, tendo seus três companheiros como testemunhas atentas.

Pois é, a gente precisa se virar nos pratos, nos tambores e nas baquetas, para não deixar o ritmo cair. Novamente, não podemos nos iludir: é a nossa dedicação ao trabalho bem feito que nos sustentará na jornada rumo à independência financeira.

Então, a música recomeça com os demais instrumentos, atingindo o clímax e a conclusão, induzindo que seguirá ecoando em nossas mentes. Quando introjetamos uma boa música, assim como uma boa estratégia de investimentos, em nossas mentes, estamos na verdade fazendo uma programação neurolinguística que nos ajudará por tempo indeterminado.

Posto isso, lhe convido a ouvir “Take Five”. Se você nunca ouviu esta música, confesso minha inveja. Se você já ouviu antes, algo me diz que nunca mais a ouvirá do mesmo jeito.


Boas leituras, boas músicas e bons investimentos!


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