Visitar obras: a parte nada romântica, mas fundamental, na rotina de um arquiteto. |
15 de Dezembro: Dia do Arquiteto.
Sinceramente estou em dúvida se é um dia para comemorar ou lamentar. Poucos profissionais trabalham mais (e se estressam mais) do que os arquitetos, a despeito do público em geral imaginar o contrário, envernizando um ofício que outrora já foi respeitado - e não é mais.
Numa obra, o pedreiro não tem registro em conselho profissional. O eletricista também não, nem o servente, nem o ferreiro, nem o gesseiro, nem o carpinteiro, nem o marceneiro. Então, se acontecer algo errado na construção, quem responde? Aquele que tem registro em conselho: arquiteto ou engenheiro.
A responsabilidade de quem projeta e acompanha obras é enorme, o que faz de arquitetos e engenheiros profissionais baratos perto do tanto que eles podem perder se algo de ruim acontecer num canteiro de obras. Acontece que nem os profissionais do ramo sabem disso e os conselhos pouco orientam sobre o assunto.
Na outra ponta, quem precisa pagar pelo serviço de um arquiteto, muitas vezes pensa que ele é apenas um despachante de planta, quando não um atravessador imposto por uma norma burocrática. Poucos tem a noção de que um bom arquiteto pode encontrar ótimas soluções para um projeto que, inclusive, podem gerar economia de recursos não só na obra, mas na manutenção do imóvel ao longo do tempo.
Alô pessoal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR, tem alguém lendo isso? O recado é para vocês também.
Como arquitetos são pessoas que trabalham bastante, eles não tem tempo para se envolver em questões políticas e de classe. O que é um erro deles. Então, quem ocupa os cargos de direção das entidades de classe? Majoritariamente os sindicalistas e professores universitários, com pouca gente de escritório (de prancheta e de canteiro de obra) ficando nas rabeiras das chapas que distribuem os mesmos cargos de sempre para o pessoal "das cabeças".
Daí que temos um conselho de classe que não entende a nossa realidade e não nos representa de fato, posto que os conselheiros não possuem experiência de mercado.
Em linhas gerais, o arquiteto brasileiro atuante no mercado é um sujeito pacato de classe média, que tende a ter uma religião e ser de centro na política, quando não um moderado de direita. Estou errado?
Mas as pautas "progressistas" que o CAU patrocina nem de longe contemplam esse perfil, que deveria ser mais empreendedor num país que não gera empregos. Os arquitetos precisam aprender a gerir melhor seus negócios e precisam aprender a vender melhor seus serviços.
Porém, fora algumas iniciativas pontuais, não vejo o CAU incentivar as melhores práticas profissionais. O treinamento mais oferecido é para o recém-formado aprender a preencher um RRT, como se isso fosse um fim em si mesmo: pagar uma comissão para o CAU por cada projeto fechado com descontos progressivos, pois a concorrência desleal aumenta a cada ano e ninguém faz nada para frear o ingresso de gente desqualificada no mercado de trabalho.
Já passou da hora do CAU instituir um exame profissional para validar a formação dos universitários. E já passou da hora de fiscalizar melhor a criação de novos cursos particulares, que se propõem a ensinar Arquitetura e Urbanismo em barracões adaptados de fábricas que faliram no entorno das grandes cidades.
Enfim, não vou me alongar nesse tema. Se tiver que escrever tudo que penso, vou criar uma legião de detratores que nada vão acrescentar ao debate.
Você é arquiteto ou arquiteta? Já vou avisando: cuide bem do seu negócio. Aprenda a usar as ferramentas de marketing e administração que a faculdade não te entregou. Não espere nada dos sindicatos e dos conselhos de classe. Você está por sua conta e risco. Fortaleça laços sociais com os profissionais mais sérios do seu ramo, pois são eles que poderão te ajudar e vice-versa.
E o mais importante: faça um ótimo trabalho para quem te contrata, sempre!
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