Não sabemos quanto tempo nos resta. |
Amigos, escrevi o texto a seguir em meu perfil do Facebook, em 19 de novembro de 2014. Portanto, há sete anos. Considerando que seu teor continua válido, republico o breve artigo neste blog para alertar os arquitetos mais jovens sobre a importância de dar valor para o tempo e para o trabalho.
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Tem certas coisas que você só aprende na prática, pois dificilmente os profissionais mais tarimbados no mercado passam parte de seu valioso tempo ensinando os mais jovens. Nem sempre os professores da faculdade, que são pagos para fazer isso, possuem vivência no mercado para tanto.
Pessoalmente, gostaria de ter uma bola de cristal para evitar os sujeitos "curiosos". Eles vão ao seu escritório repleto de perguntas, mas se recusam a passar dados minimamente necessários para você elaborar uma proposta formal. No começo da minha carreira eu perdia muito tempo com gente assim.
Eles querem saber a melhor posição da garagem, como dispor as suítes no segundo pavimento, coisas do tipo. As vezes eles dão toda a pinta que já estão fechados com você. Pronto, mesmo sem entregar qualquer desenho, você deu de bandeja todas as diretrizes de um projeto.
Então, passa um ou dois dias e o telefone toca: é o marido (ou a esposa) da pessoa que lhe sabatinou anteriormente (nunca é a mesma pessoa).
- Sabe o que é, nós não vamos mais construir...
Ou:
- Nós fechamos com outro escritório...
Nessas horas fico matutando se falei alguma coisa errada, mas geralmente chego à conclusão de que entreguei informação e tempo para alguém que simplesmente estava fazendo um leilão invertido.
Por isso, há alguns anos adotei a política nada simpática do sinal: um pequeno valor de entrada antes mesmo de fazer o primeiro estudo. Se o contratante em potencial se recusa a pagar este sinal, isto significa que ele não valoriza o seu trabalho, ou não está realmente interessado em seus serviços.
Os eventuais dissabores que ocorrem em meu ofício (que não, não é um mar de rosas glamouroso que as revistas de matérias pagas atestam) ocorrem sempre que abro mão deste procedimento estritamente profissional.
Deixo como exemplo outro telefonema, de alguém que desejava regularizar uma casa já construída. Respondi que não poderia falar em orçamento sem uma visita técnica prévia, e que ela teria o custo similar ao de uma consulta com um advogado (com a clara diferença de que advogados não atendem em domicílio).
A senhora disse que ia pensar melhor e que me retornaria depois. Logicamente isso não aconteceu, mas ao menos poupei meu tempo para dedicar-me a um projeto especial, daqueles que a gente não pode contar antes da hora, até que dê tudo certo.
E aí a gente também vira um "curioso", mas no bom sentido, quando buscamos informações e soluções técnicas para resolver algo absolutamente novo para nós.
De meu lado, respeito o tempo dos outros. Por isso perguntei para um especialista num assunto abordado em um dos aspectos do meu trabalho, quanto ele cobraria para revisar alguns desenhos que realizei.
Ele não quis cobrar nada e ainda me deu uma aula inesquecível.
Neste momento percebi o quanto este mestre valorizava a nossa amizade.
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Veja também:
Como montar uma equipe para construir ou reformar
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