sábado, 9 de outubro de 2021

Os Ecos na Pandemia captados por Jaime Troiano

Ecos na Pandemia: coleção de textos que capturam o espírito de uma época.
Ecos na Pandemia: coleção de textos que capturam o espírito de uma época.

A gente navega pelas redes sociais e somos inundados com fake news grosseiras, elaboradas por gente má intencionada e, de certo modo, competente no que faz, dado que muita gente acredita nelas. Aí ligamos a televisão e vem o contra-ataque: o noticiário da TV é carregado de autoproclamados defensores da Ciência e baluartes da verdade engajada, que é aquele tipo de verdade que o politicamente correto tolera.

Deste modo, a Pandemia do Coronavírus ganha ares de uma guerra de narrativas na qual quem não é extremista precisa ficar de cabeça abaixada nas trincheiras do cotidiano, esperando a doença arrefecer e os moderados assumirem os microfones e teclados da nova normalidade, sabendo que, no fundo, nada disso vai acontecer.

Oasis de bom senso

Eis que Jaime Troiano apresenta seu livro "Ecos na Pandemia: Impressões sobre como nós, as empresas e as marcas temos nos comportado no novo normal". É preciso ler as primeiras páginas para vencer aquele receio de se deparar com mais uma obra radical, onde as tonalidades de cinza não são bem-vindas no preto versus o branco das convicções baseadas em algo que a nossa geração vive pela primeira vez. 

A propósito, é uma obra de miolo colorido, com tons suaves de cores que refletem a leveza da escrita do especialista em Branding. Aqui, temos que destacar o trabalho da designer Vivian Amaral que, com sua diagramação e suas ilustrações, conseguiu dar pinceladas de coautoria neste livro.

Jaime Troiano é o típico descendente de italianos que carrega no DNA aquele entusiasmo renascentista de não se conformar em ser apenas uma coisa. Com graduação em Engenharia e Sociologia, lemos que ele também sabe manejar ferramentas de marcenaria. Seu formão também é usado para arredondar os textos que ele escreve para grandes veículos de comunicação, nas brechas do tempo dedicado à Troiano Branding, que presta consultoria na análise de marcas e comportamento dos consumidores. 

Como todo bom escritor, Jaime é um observador discreto. É assim que ele faz a sua feira, comprando frutas, verduras e legumes, mas levando para casa, também, novas percepções a respeito do gosto dos clientes e da preferência deles pelas empresas que ostentam discursos alinhados aos propósitos, não apenas para competir no mercado, mas para deixar uma marca na sociedade.

Das pessoas às marcas

Até chegar aos ecos das marcas propriamente ditas, Jaime Troiano organizou sua antologia de breves artigos, escritos basicamente entre 2020 e 2021, num crescente começando por capítulos dedicados às pessoas, passando pelos ecos dos consumidores e ecos das empresas, de modo que as pessoas estão na raiz de tudo. Por trás das marcas temos as empresas, por trás das empresas temos os consumidores e por trás dos consumidores temos as pessoas. 

Logo, as marcas são feitas por pessoas, para pessoas. Entender como elas reagem a uma situação de Pandemia é essencial para propor direcionamentos futuros das marcas, sem esquecer aquilo que nos trouxe até aqui. Deste modo, cabe perguntar: o que mudará na essência do ser humano? O que seguirá imutável? Estas são algumas das questões que Troiano aborda em seus escritos.

Bem, se pudesse fazer uma ressalva sobre este livro, seria apenas uma sugestão para a editora Maggi Krause: cortar, numa possível segunda edição, a palavra "Bem" (seguida de vírgula) no início de alguns parágrafos, dado que se trata de uma redundância comum na comunicação oral, mas que não combina com a erudição do autor, que faz várias citações de livros, filmes, poetas e filósofos ao longo das páginas. 

Porém, isso pode ser apenas uma impressão rafaelista da minha parte, para usar uma expressão proposta pelo próprio Jaime, uma vez que esse "Bem" no começo de alguns parágrafos pode não incomodar a maioria dos leitores além do meu campo de visão.

De certo, "Ecos na Pandemia" é um livro para você ter na cabeceira da cama e ler sem pressa, para assimilar melhor o que um neorrenascentista com tempero paulistano tem para compartilhar, debaixo do pano da cesta de pasteis (numa referência a uma das melhores passagens da publicação).

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