sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Reconhecer-se pequeno é um grande gesto

Os donos destes calçados formam uma pequena família.
Os donos destes calçados formam uma pequena família.

Sonhar grande não é pecado. Querer fazer parte de um grande projeto, empreender uma grande viagem, realizar um grande feito. Quem nunca pensou, ao menos uma vez na vida, em sentar no sofá do Jô Soares para contar sobre uma façanha alcançada?

A imaginação não tem limites, mas as circunstâncias sim. E não é fácil aceitar as limitações que estão além do nosso controle. A casa no alto da montanha, as férias na Tailândia: tudo isso, muitas vezes, é trocado por um pequeno apartamento na periferia e um fim de semana na Praia Grande.

É preciso saber quando um sonho te empurra para frente, ou te aprisiona numa gaiola de ilusões, no quintal das frustrações. Particularmente me libertei de tais grilhões ao ver a sandalinha da minha filha no pé da cama, e troquei o projeto da nova capital da Utopia pela oportunidade de ficar velho a ponto de ver minha menina crescer.

Então percebi que a felicidade não está num banho proibido na Fontana di Trevi, mas na brisa suave que entra pela janela da cozinha, enquanto você almoça vendo sua menina brincando no telefone celular, ignorando a mãe que tenta lhe enfiar uma colherada de purê de batata na boca.

A mãe fica brava mas você agradece, em silêncio, sabendo que tudo aquilo é passageiro.

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