segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Numa marcenaria de verdade

O blefador elevado a crítico de arte diria: "isto é pós-moderno".
O blefador elevado a crítico de arte diria: "isto é pós-moderno".

Algo me fascinou nesta fotografia. Será que foi o pó de madeira serrada que impregnou a parede, num efeito de pátina irreproduzível? Ou será que foram as fitas crepes encardidas, a fixar recados importantes na porta do armarinho, mas que há muito tempo deixaram de ser urgentes?

Ou seriam as folhas de lixas empilhadas sem critério, resultando num conjunto assimétrico, feito uma cordilheira a separar vales de planaltos? Talvez a lâmpada empoeirada, aguardando a oportunidade de iluminar a esmerilhadeira de bancada?

Você teria coragem de arrumar esta cena? Contaria os pregos e parafusos guardados nas caixinhas de miudezas? Você fecharia a porta para esconder a bagunça do outro cômodo? Você daria uma bronca no marceneiro que trabalha nesta oficina?

Conhecendo ele, como de fato conheço, não moveria um grampo de lugar. Sei que na cabeça dele tudo faz sentido. Sei que do caos e de pedaços de madeira - que recuperam o perfume sempre que confrontados com uma serra circular - ele extrai móveis de beleza ímpar.

Em breve contaremos um pouco de sua história.

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