quinta-feira, 30 de junho de 2016

A camisa polo azul

Fotomontagem meramente ilustrativa. Texto publicado originalmente no Facebook em 07 de março de 2016.

Ganhei uma camisa polo que não me serviu. Não é meu passeio predileto, longe disso, mas tive que ir ao Shopping fazer a troca. Aproveitei para almoçar com a família.

No meio de um dos corredores apinhados de gente vi um senhor que devia ter seus 55 a 60 anos de idade. Me aproximei dele e disse: "Vamos jogar bola?"

Ele, assustado, viu minha camisa polo - sempre polo - cor azul bebê.

"Hah! Por causa da camisa igual..." - ele respondeu.

Não só por causa da camisa igual. Por causa, também, da mesma calça bege e do mesmo sapatênis caramelo. Até o relógio de pulso, cromado, era parecido.

Nos olhamos com mais atenção e ele também reparou que tínhamos óculos retangulares de armação delgada, e entradas na testa querendo virar uma rotatória sobre o cocuruto.

Nossos olhos verdes, emoldurados por pálpebras segurando os pés de galinhas, levantaram uma das sobrancelhas com grau semelhante de indagação.

Apertei a mão dele e continuei minha caminhada. Alguns passos depois ele disse em voz alta: "Ei! Você tem bom gosto!"

Devolvi apenas com um aceno de mão, pensando que aquela empatia poderia alimentar uma boa conversa, pois nunca se sabe quando grandes amizades começam. E dessa vez nunca saberei mesmo, pois cortei o estranhamento daquela situação retomando minha direção.

Será que ele também era arquiteto? Torcia pelo Palmeiras? Aquele cara parecia eu, daqui a uns 15 ou 20 anos.

Se inventarem a máquina do tempo neste período, aquele sujeito pode ser eu mesmo, fazendo turismo no passado.

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