quinta-feira, 30 de junho de 2016

Elas carregam a humanidade nas barrigas e nas costas

Antes da labuta, um pouco de informação. Texto publicado originalmente no Facebook em 08 de março de 2016.
Antes da labuta, um pouco de informação.

A gente acorda cedo e dirige até a construção. Na portaria do loteamento pedem para ver o nosso bagageiro, pois num país onde bandidos são glorificados, o arquiteto é suspeito de querer roubar um martelo do carpinteiro.

Passamos instruções para o mestre de obras. Telefonamos para o fornecedor da laje, cobrando o atraso da entrega. Voltamos para o escritório. Respondemos os e-mails. Arquivamos os currículos. Preparamos o protocolo para pleitear uma aprovação na prefeitura. Enfrentamos a fila no banco para pagar as taxas.

Almoçamos. Não dá tempo de ver o noticiário esportivo. Sentamos diante da tela do computador. Executamos cerca de 1.500 comandos para concluir o projeto arquitetônico. Atendemos as ligações. Agendamos reuniões.

O sol se põe e ainda estamos teclando. Na mesa do jantar, não dá para prestar atenção no que falam. Os pensamentos tentam antecipar o que vai ocorrer no dia seguinte. Banho tomado, desabamos no sofá da sala.

"A gente faz tudo isso para o bem da família" - você pode pensar. A menina vem ao seu lado. Ela quer brincar com os blocos de encaixe. "Agora não, filha, o papai quer ver o jornal".

O comentarista exorta a todos para tomarem as ruas na próxima manifestação. Enquanto ele eleva o tom da voz, ouço uma colher cair na cuba de inox, lá na cozinha. Pratos se chocam quando vão para o escorredor.

É a minha esposa, que teve um dia tão comprido quanto o meu, lavando a louça. Então percebo que não tenho sequer a metade da resistência e da dedicação que ela tem.

Concluo que, sem ela, eu seria apenas um esboço de homem. Sei que isso acontece na sua casa também. Isso acontece no mundo inteiro. Por isso criaram o Dia Internacional da Mulher.

Elas carregam a humanidade nas barrigas e nas costas.

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